quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Le Coq D'or (1914)

Natalia Goncharova
Design da cortina para o Le Coq D'or, 1914


Diaghilev encarregou Goncharova os adereços e figurinos de Le Coq D'or, o último e melhor trabalho do compositor N. Rimsky-Korsakov em 1913. Inicialmente o coreógrafo Michel Fokine ficou preocupado com a escolha graças à reputação notoriamente futurista de Goncharova. No entanto foi precisamente esta notoriedade que atraiu Diaghilev e contribuiu para sua decisão, seu compromisso com a arte moderna garantiria o emprego de artistas "anárquicos". A fase futurista de Goncharova teve uma vida relativamente curta e Fokine teve suas preocupações dissipadas quando de sua visita ao estúdio da artista em Moscou, onde pode ver evidências do caráter nacionalista de sua arte mais apropriadas à sua visão de produção. Àqeuele momento Goncharova estava focalizando sua ateção à arte nativa de seu país, ela investigava os princípios da arte ancestral russa como o ícone, o lubki e outras tradições populares. Ela via valor em uma arte que vinha sendo descartada por seus colegas e compreendeu que deveria converter suas características em uma linguagem do século 20 digna de uma produção teatral.






Anos mais tarde ela relembraria os estudos preliminares que empreendeu antes de produzir os desenhos: "Eu visitei museus arqueológicos, onde fui inspirada por fantasias de camponeses. Descobri tais tesouros como os magníficoa anéis de nossos czares e boyars. Conversei com artesãos. O povo russo tem umgosto inato pela arte. Eles criaram melodias populares que forneceram temas para todos os nossos grandes compositores, como Stravinsky, por exemplo." Aqui Goncharova toca em um aspecto muito importante da produção, a tradição cultural russa, que permeou cada aspecto de sua execução.


Nikolai Rimsky-Korsakov era um ávido colecionador de canções camponesas russas e usou as melodias populares em sua música, enquanto Michel Fokine alegou ter sido influenciado pelas poses da pintura icônica (pictográfica?) enquanto coreografava as formas e sequências dos movimentos de seus bailarinos. Com esses elementos subjacentes à música e à coreografia e com o conhecimento artístico sobre a história russa de Goncharova, houve a colaboração perfeita para recriar a Rússia dos contos-de-fadas em que o poema de Pushkin se desenvolvia.

O próprio formato de Le Coq D'or era incomum, conhecido por ópera-ballet por instigação de Alexander Benois. Benois estava visivelmente frustrado pela falta de expressão e habilidade dramática dos cantores de ópera, então chegou à solução de cantar e atuar adotando um elenco duplo de pessoas, uma para cada função. Os cantores aparecem no palco junto aos bailarinos, posicionados em forma de duas pirâmides de cada lado.

O figurino de Goncharova assinalava o arranjo incomum do elenco com perfeição conferindo aos cantores um vestido de gola alta, de modo a não desviar a atenção dos bailarinos, muito embora olhando seu figurino vívido entendamos que isso seria extremamente difícil.

Le Coq D'or foi um enorme sucesso, não apenas pelo formato e pela unidade "arrusionada" da produção como um todo, mas também pelo visual esplendoroso que exibia. As cores vívidas e suntuosas do figurino de Goncharova foram uma revelação. O puro esplendor da cor mostra Goncharova no auge de sua fase neo-primitivista, que é onde a Goncharova da infância campestre se manifesta.

Ela embutiu claramente a inspiração da arte naive do artesanato camponês no brilho estilizado dos gradientes de cor e nas formas exageradas. A essência de seu design pode ser vista nas formas primitivas, porém altamente decorativas, de brinquedos e vestimentas camponesas.









Figurino do camponês









Figurino do rei






Referências Bibliográficas

HUMANITIES ADVANCED TECHNOLOGY & INFORMATION INSTITUTE. University of Glasgow. Le Coq D'or 1914. Disponível em: http://www.hatii.arts.gla.ac.uk/MultimediaStudentProjects/00-01/9705226m/mmcourse/project/gonch.project/le_coq_d.htm. Acesso em: 31 out. 2008

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